A verdadeira, a mais pura, a mais autêntica personalidade de uma cidade está registrada nas suas esquinas e perpetuada nos seus bares.
Não importa se estamos falando de cidade grande, super metrópole ou um pequeno município do interior de um pequeno Estado. Os bares respiram e transpiram o que as cidades têm de mais fraterno, de mais boêmio e mais humano.
Foi preciso existir uma Casa Villarino para acolher o instante mágico em que Lúcio Rangel apresentou Tom Jobim ao Vinicius de Moraes. A música popular brasileira sabe o que veio depois disto. Na Travessa Ouvidor existiu o Gouveia, onde Pixinguinha rodeado de amigos, já idoso, curtia seu scotch vespertino, carinhosamente.
Quanta pauta jornalística, quanta ideia para um novo livro, quanta história de amor nasceu no Amarelinho, em plena Cinelândia, no coração do Rio? Bar Luiz, Cervantes, Paladino, Sereia do Leme, Taberna da Glória e Nino’s não são apenas nomes de bares famosos. São espaços onde a vida se deixou abraçar entre um gole e outro, entre um desabafo e uma promessa, entre um novo amor e uma despedida.
Quem nunca teve um bar em sua vida? Quem, tão egoísta, que não permitiu que a memória guardasse para sempre um certo dia, um certo gosto, uma confidência, uma lembrança que insiste em não morrer? A vida me trouxe muitos bares. Talvez, alguns, também seus. Quando é que a gente se vê, de novo, num deles?
A alma das cidades
Square