Catarse

Square

Fui coerente? Nem sempre.
Me fiz de tolo, quando foi preciso,
mas percorri caminhos, quando necessários
para descobrir atalhos pertinentes,
opções viáveis, tentativas, meios e modos
de buscar estradas, desprezando mapas,
códigos, tratados, com a certeza plena
que em cada encruzilhada, encontraria
amigos desejosos de abrir meus olhos
indecisos, na esperança infantil
de recriar, quem sabe, novas trajetórias.

Fui verdadeiro? Muitas vezes.
Me percebi distante, quase omisso,
mas não deixei jamais que o pessimismo
tomasse conta do cotidiano,
pusesse algemas em minha fé adolescente,
manietasse sonhos, corrompesse ideias,
comprometesse a tentativa do possível,
me deixasse sem fé e sem destino,
como um rio em busca de seu leito,
como um bicho solto em busca de comida,
como um santo à espera de devotos.

Fui egoísta? Impossível negar.
Me fiz dono da verdade, eterno tolo,
mas dividi temores, anseios, crenças,
compartilhei receios, medos, traumas,
como se alguém pudesse vir em meu socorro
e me trouxesse a solução imediata,
e me entregasse a chave do segredo,
o mapa da mina, o caminho das pedras,
a prece milagrosa, o remédio infalível,
a receita do bolo e, acreditem,
a sugestão deste poema, talvez, catarse.

Deixe seu ponto de vista, comente: