O dia em que “conheci” Fellini em São Paulo.

Square

Julho de 82. Eu estava vivendo em São Paulo, dirigindo a Criação da filial paulista da Artplan.

Luiz Fernando Pinto Veiga e o Roberto Medina me deram esta oportunidade e fui morar em São Paulo, no contra-fluxo do mercado, pois naquela década consagrados diretores de arte e redatores paulistas estavam vindo para o Rio, atrás da praia e dos excelentes salários que as Agências cariocas estavam podendo pagar.

Dizer que estava residindo em São Paulo é forçação de barra. Morava em hotéis. Primeiro, no Maksoud, por quase dois meses, gastando uma parte do saldo de uma permuta que a Artplan possuía, numa negociação que o Medina fez com Roberto Maksoud, ”emprestando” o Frank Sinatra para fazer um show no Hotel, quando Frank veio ao Rio cantar no Maracanã para mais de 140 mil pessoas.

Depois, fui morar no Hotel Dublin, em Higienópolis, na Conselheiro Brotero.
Na realidade, eu ficava em Sampa de segunda à sexta e no final de semana voava pro Rio, para o fim de semana. Uma vez ou outra permanecia em São Paulo, sábado e domingo, para curtir uma cidade que muito me agrada, com direito àquela famosa feijoada do Bolinha, onde os publicitários de lá costumavam se encontrar.

Mas onde entra o Fellini nesta história?
Pois bem. Uma noite fria de julho, sessão das 22 horas, fui até o Bijou, uma gostosa e intimista sala de cinema, que ficava na Consolação (espero que esteja lá até hoje).

O filme era “oito e meio”, do Mestre, que faria 100 anos no domingo passado, dia 20 de janeiro.

O que vou contar é a razão desta saudosa lembrança.
Acredite: ao final da sessão, um acontecimento que vivi e nunca mais vi nada igual acontecer numa sala de cinema: as pessoas, todos os assistentes, cerca de 50 pessoas, alguns casais e poucos solitários, como eu, se cumprimentavam, num sincero entusiasmo, como se aquela obra de arte nos tivesse feito mais irmãos, mais iguais, mais solidários.

Foi nesta noite que “conheci” Federico Fellini, para nunca mais me esquecer de seu talento.

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