A missão estava a poucos minutos de ser encerrada. Os dois robôs tinham cumprido à risca todas as etapas e procedimentos do job que o Comando Central havia lhes passado e, por mais que digam que robôs não costumam ter consciência do dever cumprido, estavam muito satisfeitos com suas performances.
MS 408 e GS 408 (seus números de série), tinham deixado Corona há, mais ou menos, 15 dias.
A nave que os trouxera encontrou muitas turbulências pelo caminho: asteroides, choques inesperados com fragmentos de outras naves espaciais desativadas, poeira estelar grudando-se na nave, mas tudo tinha ocorrido como manda o figurino nessas viagens mais longas.
O Comando Central, quando os designou para a missão, ressaltou a importância da empreitada e ordenou que, no caso de algum contratempo, eles deveriam se auto destruir, antes de serem eventualmente capturados.
O objetivo estava perfeitamente definido: chegar à Terra o mais rápido possível e, no momento mais oportuno, deixar em lugar populoso milhões de vírus letais que seriam causadores de uma rara epidemia que os terráqueos não conheciam: gentinha ignorante que se assustava com gripes e viroses de quinta categoria.
Quando só faltavam 450 mil milhas para sobrevoarem a Terra, surgiu entre os robôs uma pequena divergência.
Caberia aos dois, dependendo de uma observação mais aguda a escolha do local ideal para largar os vírus.
MS 408 sugeriu que a Argentina seria um espaço perfeito.O outro divergiu alegando que a Argentina estava em crise e o Papa Francisco não iria gostar.
Pensaram na Venezuela, pior ainda. Já estavam com problemas demais.
Que tal o Brasil, perguntou o GS que tinha por nós uma certa afeição. Não, disse o MS. O Brasil, não!
Eles não possuem sequer saneamento básico.Como vão enfrentar uma epidemia letal?
Discutem muito, coçam a cabeça (ou você não sabia que robôs têm cabeça?), fazem consultas ao Comando, que deixa com os dois a decisão.
Finalmente, optam pela China.
E deixam a carga cair.
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