Se convidarem você para um Brainstorming, não deixe de ir, mas vá sozinho. Deixe suas ideias pré-concebidas em casa!

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A turma da minha geração profissional conhece Brainstorming na palma da mão. E muitos deles poderiam falar desta técnica com muito mais intimidade do que eu.
Mas, para o pessoal que está chegando agora ou que chegou há pouco tempo, este novo texto do meu blog Publicidade Vivida pode ser estimulante.

Brainstorming quer dizer “tempestade cerebral” ou “tempestade de ideias”. É uma expressão bem sacada, formada pela junção das palavras “brain”, que você sabe que significa cérebro e “storm”, que significa tempestade.

O Brainstorming nada mais é do que uma dinâmica de grupo, que é usada em várias empresas, como uma saída para resolver problemas.

Quem criou o Brainstorming nasceu no século XIX!

O pai da criança foi o publicitário Alex Osborn, nascido no Bronx, Nova Iorque, em maio de 1888 e falecido exatos 78 anos depois.

Pela época em que viveu Osborn, há que ser respeitada sua enorme contribuição, porque, a rigor, a Publicidade engatinhava e o Brainstorming deve ter ajudado muito.

Aqui entre nós, se existe atividade que nasceu para resolver problemas, é justamente a nossa, a Publicidade, com toda a sua necessidade de transformar Objetivos de Marketing em Objetivos de Comunicação. Simples, não é!?

Uma técnica para resolver problemas.

Acontece que por ser uma técnica bem nascida para resolver problemas, o Brainstorming exige método e uma disciplina muito fáceis de serem seguidos.

O fundamental é que o Brainstorming conte com a contribuição espontânea de todos os participantes. Não adianta remar contra a maré. Quando integrantes de um grupo, qualquer grupo, profissional, comunitário, político e, acredite, até mesmo familiar, não está afim de encontrar soluções criativas e inovadoras para os problemas, nada de novo vai acontecer.

O clima de envolvimento e motivação gerado pelo Brainstorming assegura melhor qualidade nas decisões tomadas pelo grupo, maior comprometimento com a ação e um sentimento de responsabilidade compartilhado por todos.

Porém o sucesso da aplicação do Brainstorming é seguir as regras, em especial a condução do processo, que deve ser feita por uma única pessoa.

Olho vivo na montagem do Grupo!

Não existe nada mais devastador num Brainstorming do que duplo comando, (mais de um moderador), principalmente se um deles quiser ser o dono da bola, o pai da verdade, deu pra entender?
Ficou na minha memória: década de oitenta, participei de um Brainstorming mal liderado e, no meio do processo, dois participantes saíram no braço, acredite!

Outra coisa: não convide para nenhum Brainstorming o chato, o crítico de plantão, o sabichão, o que anda com o rei na barriga. No fundo, quanto menos preocupados com a necessidade de brilhar os participantes forem, melhores resultados serão alcançados.

Brainstorming não cria dependência, mas deve ser usado com critério.

Quando fazer Brainstorming? Sempre que for preciso gerar um grande número de idéias em curto período de tempo. Mostra-se muito útil, quando se deseja a participação de todo o grupo. Por quê? Focaliza a atenção do usuário no aspecto mais importante do problema. Exercita o raciocínio para englobar vários ângulos de uma situação ou de sua melhoria. Serve como “lubrificante” num processo de solução de problemas, especialmente se:

  1. as causas do problema são difíceis de identificar;
  2. a direção a seguir ou opções para a solução do problema não são aparentes.

Uma prática que funciona: divida o Brainstorming em duas fases, digamos, faça uma sessão pela manhã, de até uma hora de duração, interrompa por algumas horas, deixe o pessoal cuidar da rotina do dia e volte a se encontrar  no fim do expediente, para fechar o Brainstorming. Você terá boas surpresas usando esta pausa.

Um Brainstorming vencedor tem regras que devem ser seguidas!

  1. não deixe que os integrantes do Grupo se percam em críticas recíprocas. Esta regra vale ouro! Ninguém no Grupo deve tomar a liberdade de criticar, na hora, uma ideia do outro, que lhe pareça não aproveitável.
    Você vai descobrir que muita ideia que no calor da reunião soa absurda ou  com um toque de nonsense, vai impulsionar uma ideia correlata, um ponto de vista derivado daquela aparente má ideia. E o resultado aparece.
  2. a essência da técnica do Brainstorming é a Criatividade. Sempre encoraje cada um do Grupo a puxar pela imaginação e até pela ousadia, para jogar na mesa o que acha melhor, como Idéia, para resolver o problema.
    As ideias aparentemente mais simples e até mais ingênuas, na hora da verdade, na hora da seleção final,  conseguirão se impor pela inventiva e originalidade.
  3. quanto mais idéias forem geradas, mais hipóteses você terá de encontrar uma boa ideia. Quantidade gera qualidade: a Dialética já nos ensinou isto.
  4. deixe que o Grupo combine e aperfeiçoe ideias diferentes e divergentes.O truque desta regra é encorajar a geração de ideias adicionais para construção e reconstrução de novas ideias, nascidas sobre as ideias já expostas anteriormente..

Para encerrar, uma estória.

Eu estava num Brainstorming em uma Agência, final da década de 70, todo mundo ligado, eu dividia a direção da Criação com o dono da Agência, Jorge Eduardo Alves de Souza, o Jotaé, um talento raro como Diretor de Arte, hoje consagrado pintor hiper-realista, com nome aqui e lá fora.
Cuidava-se de criar um conceito forte para um produto farmacêutico popular de um laboratório famoso: o Bálsamo Bengué.
Entrou na sala um colega nosso, Onofre, da Contabilidade, que não havia sido chamado para o Brainstorming.
Entrou, viu o tubo do remédio no meio da mesa de reunião, meia dúzia de participantes em volta, e disse:
– Vocês estão criando, né?
– Isto aí é um santo remédio!

Pronto, Onofre tinha matado o tema da Campanha.
O Brainstorming foi encerrado naquele momento!

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