Acordo, sentindo frio. Meus pés noturnos, agitados, empurraram a manta e, descoberto, despertei exatamente às seis em ponto, como se os ponteiros do relógio tivessem combinado uma maneira politicamente correta de me acordar.
A gratificante sensação de estar vivo, nesta manhã de segunda, no lendário bairro do Catete, me ligou ao domingo, quando meu time venceu, graças a um gol daqueles que lavam a alma de qualquer torcedor apaixonado.
Ainda era bem cedo e virar pro canto, dormir de novo, seria o melhor programa.
Contudo, pintou inoportuna questão, que um filósofo chamaria de duvida metódica e eu, modesto, prefiro chamar de medo.
Está bem, mudo de lado, descanso o braço e fecho os olhos.
E seu morrer antes das oito? Imagino o espanto da mulher amada, tentando me levantar para o café da primeira hora e constatando, com desespero e choro, que eu fui dessa pra melhor.
A vida não estaria me dando uma nova semana, novinha em folha, para corrigir erros e aperfeiçoar defeitos.
Sabe o que mais?
Vou fechar os olhos, sim, e o que tiver que ser, será.
Como, aliás, vem acontecendo, diariamente, nos últimos oitenta anos.
Talvez, quem sabe?
Square