1959, Colégio de São Bento, no Rio. Éramos 45 alunos, terminando o terceiro ano científico.
Dom Lourenço, reitor do Colégio e membro efetivo do Conselho Federal de Educação, tinha sacado mais uma de suas brilhantes ideias.
Na grade do curso, lá estava a disciplina: Filosofia.
O que fez Dom Lourenço? Deu a matéria para Dom Estevão Bittencourt, nascido Flavio Bittencourt, monge beneditino e filósofo, respeitada autoridade da Igreja, livros publicados e uma didática incomum.
Na verdade, as aulas eram de Teologia, preocupação maior do Colégio com alunos saindo da adolescência e entrando na vida adulta, com suas primeiras paixões e prazeres.
Nessa tarde das minhas lembranças, armamos um quebra-cabeça para Dom Estevão.
No meio da aula (tínhamos combinado antes), perguntamos qual seria a Fórmula da Felicidade?
Nada mais pertinente, para jovens que estariam em pouco tempo decidindo por carreiras, escolhendo parceiras e tentando abrir caminho numa existência inteira por vir.
Dom Estevão sorriu fraternalmente, fechou a porta da sala e perguntou:
Vocês querem saber, de verdade, a Fórmula da Felicidade?
Limitem seus ideais, apenas isso.
Limitem seus ideais.
Quantos de nós, daquela turma, seguimos as palavras de Dom Estevão?
Não importa, o recado fora dado, numa carioca tarde de sexta, antes do recreio.