Antes que possam insinuar que eu esteja me fazendo de pretensioso, contando vantagem… Enfim, querendo aparecer, preciso fazer uma ressalva: não fui eu quem começou.
Ontem à tarde, estava no Yahoo caçando algum novo e-mail quando fui surpreendido por uma simpática provocação; um site focado no jogo de xadrez oferecia aulas gratuitas para quem estivesse afim de aprender a jogar. Entrei pra conhecer, e vale confessar, há mais de três anos não jogava uma partida.
De repente, o robô me provoca e pergunta se eu queria desafiá-lo e topar uma partida.
Lembrei-me do Evandro Mesquita, com aquele personagem que mostra na Escolinha do Professor Raimundo e me perguntei: Por que desafiá-lo? Por que não desafiá-lo? E o desafiei.
O robô, muito gentil, me deixou jogar com as brancas. Comecei a partida e vi logo que ele vinha agressivo, liberando a Rainha para me atacar em poucos lances e achei que fui ingênuo topando a parada. Mas segui em frente, a duras penas me defendendo e vendo que o oponente não estava pra brincadeira.
Ele deitou e rolou e rapidamente eu estava enrolado, sacando que o fim estava próximo e foi o que aconteceu. Fechou a partida num desfecho esperado e sorri amarelo.
Acontece que me deu a possibilidade de revanche e aí a coisa mudou.
Abri com as jogadas clássicas e notei que ele estava menos agressivo. Lembrete: o nível de dificuldade era o nível 2, o que mexeu com meu brio.
Desta vez, quem tomou a iniciativa fui eu e consegui uma posição melhor no centro do tabuleiro.
Meus cavalos estavam impecáveis em posições estratégicas. Meus dois bispos pareciam religiosos em ofícios vespertinos, entoando cantos gregorianos e cochilando no fundo do tabuleiro, como se estivessem esperando a hora de atacar.
Jogada vai, jogada vem, aconteceu o que eu não esperava. O robô deu mole. Propus uma troca de Rainhas e ele, contrariando tudo o que eu imaginara de sua esperteza, topou. Pude seguir com dois, três peões, buscando a última casa do lado dele, o que seria fundamental mais à frente.
O primeiro peão chegou, mas foi logo engolido pelo Rei dele.
O jogo estava pendendo pro meu lado; o segundo peão chegou, se transformou na Rainha que eu tinha trocado e… Bingo! Bingo, não: xeque-mate!
Ganhei a partida e vi na tela uma inesquecível leitura: “you won”.
Melhor ainda , segundos depois, pra escovar meu ego, mandou um “Congratulations”, que me lavou a alma.
Hoje, não sei se vou jogar de novo.
Mas sou grato ao isolamento que me permitiu ganhar do robô.
Acho que ele foi dormir chateado e deve ter comentado com outros robôs do portal: “apareceu um cara lá no Brasil que me sacaneou. Se puder, me vingo”.